segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Broken Social Scene e meus queridos 17

Braces yourselves para uma viagem no tempo!

Eu sempre quis ter dezessete anos. Eu gostava de ter dezesseis, mas ficava contando os dias para fazer dezessete. Eu estava no último ano do ensino médio quando isso aconteceu, com toda aquela pressão absurda de vestibular e faculdade e final de ano. Conheci o Broken Social Scene assim.

Na verdade, "conhecer" é o verbo incorreto. Eu conhecia "Lover's Spit', meu hino de salvação, dos momentos de raiva e desespero, mas nada além disso. Me aprofundei no mundo do BSS porque outra música deles, "Stars & Sons", tocou na trilha sonora de "Queer As Folk", um seriado que eu assistia, e cheguei à conclusão de que queria dar uma chance à banda.

O Broken Social Scene é uma banda canadense de 1999. Seguindo a linha de algumas outras bandas indie, o grupo tinha uma rotatividade e uma quantidade enormes de membros, e acabou dando origem a várias outras bandas indie.



Naquela época, um certo projeto fazia sucesso na internet, principalmente no tumblr. Era o asofterworld. O projeto existia, na verdade, desde 2003, mas alcançou sucesso entre 2011 e 2012.


O asofterworld é um projeto que consiste em três quadrinhos mostrando diferentes enquadramentos da mesma foto, com uma(s) frase(s) que fala com a sua alma mesmo sem você querer.

asofterpotter

No tumblr, usavam as frases em fotos de séries e filmes, encaixando perfeitamente com a temática de tal série ou filme. Chegaram a criar templates para facilitar as edições.

Eu me lembro de me apaixonar pelo asw ao mesmo tempo em que me apaixonava pelo "You Forgot It In People", e minhas noites de sexta eram passadas em boa companhia: eu ligava o computador, colocava BSS para tocar, e começava a ler todas as atualizações da semana do asofterworld. Era uma delícia e, surpreendentemente, muito relaxante.

Me apaixonei, inclusive, por "Anthems For a 17 Year-Old Girl". A música é cantada pela vocalista do Metric, a Emily Haines, que fazia parte do grupo na época que esse cd foi lançado. A Feist, que depois explodiu como cantora solo, também era integrante. Até hoje, não sei dizer o que fez com que eu me apaixonasse por essa música, mas sei que eu a ouvia praticamente todo dia, e repetia o refrão quase como um mantra.

Além do asofterworld e do Broken Social Scene, eu estava muito investida em ler fanfics. Não daquelas que você colocava seu nome e o nome de um cara de banda (eu já tinha passado por essa fase), mas sim fanfics de séries. Eu gostava de lê-las porque a) eram um bom modo de treinar meu inglês; b) eram informais, e me ensinavam diversos regionalismos, gírias e afins; c) eram fáceis de ler; d) eram melhores do que o canon dos personagens.

Eis então que eu descobri uma tal fanfic que tinha virado febre entre o fandom de Glee: Little Numbers. Eu tinha uma política de ler exclusivamente fanfics que estivessem finalizadas, mas decidi abrir uma exceção. A história, que é sobre um moço que manda mensagem para o número errado, é toda contada através de mensagens de telefone (vulgo SMS) e telefonemas, e eu devorei a história com lágrimas nos olhos - às vezes por rir, às vezes por chorar.

A frase mais famosa da fanfic, "do you think it's possible to fall in love with the idea of a person?", me perseguiu por um bom tempo após a primeira leitura.




Eu tenho mania de achar que tudo aconteceu ontem. 2003? Pfft, foi ontem. Porém, quando eu sento para reler meus diários ou rever um clipe ou reler uma fanfic, eu penso em como passou muito tempo. Porque às vezes o tempo não é só aquela coisa física, que tem que passar. Às vezes, é psicológico. De vez em quando, eu me pego pensando se 2012 não foi há mais tempo que 2003.


Depois de passar tanto tempo pensando na Ariel de 2012 (aquela que estava endoidando com escola + vestibular, que se preocupava em ajudar todo mundo e fazer todo mundo feliz e que preferia passar um final de semana sozinha com músicas e personagens fictícios), percebi que eu realmente gostaria de viajar no tempo. Talvez para dar alguma segurança a ela, dizer que a pressão dos professores deveria ser ignorada, que as lágrimas - que pareciam tão bobas - iriam valer muito a pena, que amigos de verdade permanecem pós ensino médio. Talvez só para conversar - tenho certeza de que ela adoraria saber como era o mundo da tão sonhada faculdade - mas, com certeza, para dizer que nem tudo muda. Que é possível sim se apaixonar pela ideia de uma pessoa - e que vai partir seu coração quando você perceber que as expectativas e a realidade não combinam - e que algumas músicas nunca deixam de tocar seu coração.

Mesmo que elas tenham sido escritas para uma garota de dezessete anos.





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