segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Sinestesia



Arte de Emerson Rex

Se não fosse tão difícil virar a página
Será que aproveitaria tanto o próximo capítulo?
Já tenho prólogo, já tenho epílogo
Mas ainda falta o título.

Se eu fosse os personagens que queria ser
Quem viveria minha história por mim?
Já vi o começo, talvez o clímax
Mas ainda não vi o fim.

Sinto seu cheiro, ouço seu gosto
Se está longe, venha para cá
Sou tão pequena, estou com medo
Veja o futuro e vem me mostrar

Se fosse fácil pôr exclamações
Quem iria se perguntar?
Já escrevi tantas palavras
Mas não fiz pausas para descansar.

Se não fosse um livro tão complicado
Será que alguém o quereria ler?
Já nem sei mais do que estou falando
Preciso me reler para me entender.

Sinto seus olhos, ouço seu rosto
Se está perto, pode aproximar
Tudo é tão novo, tudo é tão grande
Dá um passo e vem me encontrar

E eu me sinto como uma hipérbole
Sem eufemismo para compensar
Não sou antítese, sou paradoxo
Sarcasmo e ironia, para complicar

Se palavras soltas fizessem sentido
Teria mais tempo sem preocupação?
Já li mil vezes, de trás para a frente
Seria um erro de digitação?

Provo sua ausência, como o seu vácuo
Se ainda existe, aonde está?
Estou tão cansada, velha e sozinha
É para eu parar agora ou te esperar?

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