sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Mãe, virei Directioner

Quando a One Direction surgiu, há seis anos, por causa do programa de TV X Factor, eu detestei a banda. Eu, que era uma fã louca dos Jonas Brothers, achei a banda forçada, as letras bobinhas demais, os integrantes bem estranhos (ok, até que aquele mais cabeludo era bonitinho).

Se você dissesse para eu de 2010 que agora eu estou ouvindo o mais recente cd da banda todos os dias, eu riria e acharia que era mentira. Mas é a mais pura verdade. Desde que o “Made In The AM” saiu, eu acho que o ouço duas vezes ao dia.

Eu tive muita dificuldade para admitir que eu estava, não gostando, mas amando esse álbum. As pessoas têm um preconceito musical muito forte. Parece que, se você é muito fã de uma banda de rock, você só pode gostar de rocks clássicos ou músicos que esse ou aquele crítico considera sensacionais. 

Esse tipo de preconceito sempre me incomodou. Por que é que nós temos que gostar só daquilo que é considerado algo “culto”? Quem define o que é ou não “bom”? 

(Nem vou entrar nessa discussão aqui, porque ela é extensa e complexa).

Não é só no pop que isso acontece. Sou fã do Troye Sivan por culpa do canal dele no youtube, e o “Blue Neighbourhood” fala muito com meu coração. Por mais que ele seja praticamente um queridinho do indie, muitas foram as críticas quando eu disse que estava ouvindo o cd dele. “Mas não tem qualidade”. Comparado a quê?

Eu descobri o novo cd da One Direction por causa de uma música chamada “What A Feeling”. Eu estava no twitter quando a música foi lançada e alguém comentou “nossa, ela parece muito uma música do Fleetwood Mac”. Parei e ri. Fleetwood Mac é uma das minhas bandas favoritas, e eu pensei que era impossível uma boy band bobinha fazer algo que chegasse aos pés do que aquela banda, com tanta história, já fizera.

Sim, eu mesma com um preconceito idiota. 

Pois decidi ouvir a tal música, e fiquei de queixo caído. Era realmente parecida com uma música da One Direction, era ótima, era linda. Ouvi de novo. E de novo. E de novo. 


Fiquei aguardando o lançamento do cd. E bem desconfortável, honestamente. Não podia dividir minha opinião com meus amigos porque tinha certeza de que seria julgada. Minha prima é apaixonada por One Direction e eu sabia que ela seria a primeira a fazer comentários do tipo “eu te disse”.

Finalmente, o cd saiu, e eu o devorei. Esperava realmente me decepcionar com as outras músicas do álbum (como acontecera com o Fm Static, por exemplo), mas eu não consegui desgostar de nenhuma. Eram todas bonitas, sinceras, interessantes, com letras bacanas e gostosas de ouvir.

Por mais que “What A Feeling” permanecesse a favorita, fui me apaixonando por outras como “Never Enough” e “Perfect”. 

A partir daí, foi natural. Em menos de um mês, eu já sabia uma parte da biografia da banda, estava viciada no cd, conhecia as vinte mil tatuagens do Harry Styles e já tinha fuçado todo o youtube procurando vídeos da banda (e, é claro, tinha visto o Carpool Karaoke com os meninos).

Minha opinião do primeiro cd da banda continua a mesma: não gosto. Mas, depois de gostar tanto do novo, quem sabe não dou uma chance aos outros? Acabamos conhecendo só aquilo que um artista lança como músicas de trabalho, e dificilmente procuramos o resto do trabalho dele. Posso me surpreender (para bem ou mal, veremos).

Quase todo mundo à minha volta está apaixonado pelo álbum novo do Justin Bieber, Selena Gomez ou Nick Jonas. Há alguns anos, essas mesmas pessoas eram aquelas que riam deles e achavam a música deles uma droga. Me parece que esses artistas que são criticados por fazer uma coisa muito pop, muito comercial, são aqueles que mais surpreendem quando lançam algo que é coletivamente tido como bom.

Então eu digo para sermos julgados por aquelas músicas que nos fazem suspirar, que significam tanto para nós. Pode ser que elas sejam julgadas maravilhosas em alguns anos. E, caso não, pelo menos não precisamos esconder do que realmente gostamos e, consequentemente, um pedaço das nossas identidades.

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